(atualizado em 13 de maio de 2013)
A edição do último domingo do Jornal O Globo trouxe uma matéria especial em que é apontado um forte crescimento da compra de armas pela população brasileira, da ordem de 378%. São dados surpreendentes, pois, há pouco mais de um mês, o IPEA divulgou um estudo em sentido oposto, apontando uma queda média de 40% na compra de armas, atribuída ao estatuto do desarmamento.
A divergência entre os dados da pesquisa de abril e os agora veiculados dificulta a compreensão da realidade brasileira sobre as armas de fogo. Afinal, os brasileiros estão comprando mais ou menos armas?
Em resposta a essa pergunta, o pesquisador em segurança pública da ONG Movimento Viva Brasil, Fabricio Rebelo, considera mais confiáveis os novos dados agora divulgados, embora com a ressalva de que também não espelham fielmente a realidade. “A divergência traz uma inegável insegurança na informação, mas, pelo que foi veiculado no O Globo, a matéria se pautou nos registros junto à Polícia Federal, que são oficiais, enquanto o levantamento divulgado em abril pelo IPEA decorreu de informações prestadas em entrevistas ao IBGE e, ainda assim, relativas à destinação do orçamento familiar, um dado, portanto, muito impreciso. Ainda assim, seguramente a interpretação dos números colhidos pelo O Globo não é perfeita”, analisa.
Indagado sobre o que teria causado tamanho aumento no registro de armas, o pesquisador destaca como principal fator o recadastramento de 2009. “É preciso lembrar que, até 31 de dezembro de 2009, houve uma anistia para o registro de armas no país, o que gerou uma verdadeira explosão na quantidade de registros novos que, na verdade, não se referem a compras, mas apenas à regularização de armas que já existiam. Tanto assim que o maior aumento foi registrado nos anos de 2009 e 2010, quando foram processados os pedidos de registro apresentados com base na anistia. Os números desse período diferem completamente dos outros anos pesquisados, mostrando um verdadeiro pico", informa Rebelo.
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Pico no registro de armas nos anos de 2009 e 2010 |
Outro fator destacado pelo pesquisador é o aumento da criminalidade no país. "Embora não acredite num crescimento real tão significativo, é natural que o cidadão recorra à compra de armas para tentar proteger a si mesmo e à sua família. Passados os primeiros anos do estatuto do desarmamento, os índices de criminalidade não caíram, ao contrário, aumentaram muito, e isso gerou uma sensação generalizada de insegurança”, pondera.
De acordo com Rebelo, apesar de focar no aumento dos registros de armas, o ponto mais relevante da matéria é a análise das consequências disso, com a constatação de inexistir relação entre este fato e os homicídios. “A matéria aponta que, junto ao crescimento no registro de armas, os homicídios cresceram em uns estados e caíram em outros, deixando claro inexistir uma relação direta entre os dois dados, como, aliás, já concluiu a ONU no Estudo Global de Homicídios, de 2011”, afirma.
Ao contrário de outras entidades que lamentaram os dados, o pesquisador enfatiza que o Movimento Viva Brasil, ONG que coordena no Nordeste, vê motivos para se comemorar. “O aumento nos registros, mesmo que não correspondendo totalmente à compra de novas armas, é indicativo de que o cidadão vem tomando consciência de que não pode confiar sua segurança exclusivamente ao Estado e que precisa exercer o seu direito de autodefesa. A possibilidade de defesa da vítima é um importante elemento na equação da segurança pública, trazendo um pouco mais de equilíbrio e, com isso, inibindo a investida de criminosos”, finaliza.
Ao contrário de outras entidades que lamentaram os dados, o pesquisador enfatiza que o Movimento Viva Brasil, ONG que coordena no Nordeste, vê motivos para se comemorar. “O aumento nos registros, mesmo que não correspondendo totalmente à compra de novas armas, é indicativo de que o cidadão vem tomando consciência de que não pode confiar sua segurança exclusivamente ao Estado e que precisa exercer o seu direito de autodefesa. A possibilidade de defesa da vítima é um importante elemento na equação da segurança pública, trazendo um pouco mais de equilíbrio e, com isso, inibindo a investida de criminosos”, finaliza.
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