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domingo, 6 de maio de 2012

Faça o que eu digo...

No Aurélio, o vocábulo "hipocrisia" tem por definições: "1. Afetação duma virtude, dum sentimento louvável que não se tem. 2. Impostura, fingimento, simulação, falsidade. 3. Falsa devoção". Na prática cotidiana, infelizmente, não raras são as situações em que essas definições afloram de modo bastante claro, em especial de órgãos governamentais.



A maior bandeira atual do Ministério da Justiça é, sem sombra de dúvida, a inócua campanha de desarmamento, requentada sucessivas vezes com o propósito de que o cidadão comum se sinta artificialmente responsável pela violência que, em índices inaceitáveis para qualquer nação pacífica, tomou conta do Brasil. É uma ladainha tão cansativa que, no meio especializado no estudo e na prática da segurança pública, a pasta governamental já foi apelidada de "ministério do desarmamento".

Uma das ideias da campanha, falsa como uma nota de três Reais, é bem simples: o cidadão não precisa de arma para se defender, porque isso é função do Estado. 

Mas o que dizer se nem o órgão que leva a ferro e fogo a campanha desarmamentista confia na segurança pública, isto é, justamente aquela prestada pelo Estado e que, em tese, deveria ser a única a proteger o cidadão? No Brasil dos absurdos, é exatamente isso que acontece.

Embora seja o motor da campanha de desarmamento, o Ministério da Justiça evidenciou, de modo claro, que não nutre confiança na segurança pública brasileira. Conforme noticiado por Veja na semana passada, o órgão conduzido pelo ministro José Eduardo Cardozo acaba de contratar, por cifras milionárias, segurança privada para suas instalações em Brasília. Isto mesmo, o Ministério da Justiça, que impõe ao cidadão contar apenas com a segurança pública para sua proteção, acaba de contratar segurança privada.

Se a segurança pública pode, como afirma o MJ, garantir a segurança do cidadão(!), por que não seria suficiente para garantir a segurança do ministro e seus servidores?

A resposta, de simplicidade infantil, remete àquela máxima do "faça o que eu digo, não faça o que eu faço" - ou, para voltarmos ao "Pai dos Burros", a conceituação de quando a hipocrisia se torna política de convencimento, verdadeira arte dissimulatória com fins espúrios: demagogia.