ARTIGOS, NOTÍCIAS E REPERCUSSÕES SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Salvador vive onda de arrastões em edifícios.


Nos últimos seis dias, pelo menos três edifícios residenciais da capital baiana foram alvo da ação de bandidos. Desde o início do ano, mais de uma dezena de ataques já foram registrados. Em comum, a facilidade de acesso dos bandidos aos condomínios, sua ousadia, agressividade e absoluto destemor.

Embora não seja uma modalidade de crime nova, principalmente em outros estados brasileiros, as ocorrências assustam a população de Salvador, onde registros assim costumavam ser raros. A sensação de insegurança é potencializada pela ausência de ações efetivas para evitar a investida dos criminosos. Ao contrário, sem pistas dos assaltantes, os órgãos de segurança pedem ajuda às próprias vítimas e testemunhas para tentar identificá-los, em especial pelas imagens de circuitos internos de filmagem.

Para o pesquisador em segurança pública Fabricio Rebelo, que coordena a ONG Movimento Viva Brasil na região Nordeste do país, o crescimento dessa modalidade de crime está diretamente associado à facilidade e ao baixo risco das investidas. “Não há como negar que a violência criminal vem crescendo significativamente no estado em todas as suas formas, mas em alguns segmentos ele é mais sentido, como é o caso dos ataques às vítimas nos locais em que deveriam estar seguras, mas que se mostram igualmente indefesas”, afirma.

De acordo com Rebelo, são raros os edifícios que mantêm controles eficazes sobre o acesso de visitantes, principalmente quando há ameaça armada. “Com a população civil desarmada, por força das insistentes e temerárias políticas de desarmamento, o obstáculo dos criminosos se resume ao ingresso nos condomínios, a partir de quando não temem mais qualquer tipo de reação. Uma vez dominado o porteiro ou algum morador, a ação passa a ser fácil, apresentando baixo risco para os marginais, que estão descobrindo isso a cada dia”, é o que alega.

O pesquisador acredita que, caso os criminosos temessem algum tipo de reação das vítimas, ações assim seriam muito mais raras e necessitariam de uma estruturação maior das quadrilhas, o que é diferente da realidade de hoje. “Sem risco de reação, qualquer criminoso com uma arma se vê capaz de dominar um edifício inteiro. Antes, quando um crime assim ocorria, o que se apurava era um prévio planejamento criterioso, com a escolha de prédios com pouco movimento e, de preferência, um único apartamento por andar, tudo para evitar o risco de alguém surpreender os bandidos e reagir. Hoje, porém, basta uma dupla e um revólver velho para invadir um prédio de mais de quarenta apartamentos”, acrescenta.

Rebelo compara o Brasil com outros países, afirmando que “o crescimento dessa modalidade de crime é absolutamente comum em todos os países que implementaram políticas de restrição à posse de armas para o cidadão se defender”. Contudo, o pesquisador adverte que não incentiva a reação. “Defender o acesso do cidadão às armas não se confunde com incentivar reações em assaltos, o que deve decorrer de um julgamento estritamente pessoal, de acordo com as circunstâncias do caso, e pode funcionar ou não. O que é fundamental, no contexto da segurança pública, é não dar a certeza aos bandidos de que a reação é impossível, pois, isso sim, é um grande incentivo à multiplicação de ataques”, finaliza.

Na tarde dessa terça-feira, delegados de algumas circunscrições policiais da capital baiana se reuniram para traçar metas de combate aos arrastões em edifícios residenciais, mas ainda não foram divulgadas medidas efetivas neste sentido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário