Como sempre acontece, o mais recente ataque contra um grupo de vítimas
indefesas, desta vez em um cinema nos EUA, onde 12 pessoas foram mortas,
reacende a sanha dos desarmamentistas americanos, dentre os quais o
prefeito de Nova Iorque, Mike Bloomberg, um dos expoentes políticos
americanos que acham terem nascido com o dom de saber o que é melhor
para mundo todo.
No Brasil, via de regra, aqueles que pregam o desarmamento como forma de
impedir tais massacres se assanham rapidamente ao sentirem o cheiro de
sangue inocente, impelidos quase sempre pelo antiamericanismo
tupiniquim, mas invariavelmente esquecendo - ou fazendo questão de
esquecer - que tais acontecimentos não são, nem de longe, exclusividade
norte-americana.
Em 1999, um louco invadiu um cinema de São Paulo eabriu fogo usando uma
submetralhadora comprada poucos dias antes em uma favela da capital –
arma ilegal, evidentemente. Matou três pessoas e feriu outras 5; e Só
não houve mais vítimas porque um herói anônimo pulou sobre ele e o
desarmou antes que recarregasse sua arma. Em 1997, Fernando Henrique
Cardoso havia transformado o porte ilegal de armas em crime, aumentando
muito as restrições relativas à posse e ao porte de armas no Brasil.
Japão, 2001. Um homem com problemas mentais invade uma escola, mata oito
crianças e fere outras 13 usando uma faca. O massacre que assustou o
Japão não foi o primeiro e não seria o último. A posse e o porte de
armas para civis são proibidos no Japão desde o século XV.
Em 2010, em Naping (China), um desequilibrado mental invadiu uma escola
primária e, também usando uma faca, matou oito crianças e feriu
gravemente outras cinco. Entre 2010 e 2011, outras 116 crianças e
adultos seriam vítimas de ataques semelhantes na China Comunista,
fazendo com que o governo proibisse a divulgação de outros ataques para
evitar os chamados “copiadores”. Na China, as armas de fogo são
terminantemente proibidas para os cidadãos.
Cumbria, Inglaterra, 2010. Um homem, durante um surto psicótico, mata
aleatoriamente 12 pessoas e fere outras 11. Foi acompanho por
quilômetros por uma viatura de polícia, cujos policiais estavam também
desarmados e não puderam fazer nada. Em 1997, a Inglaterra praticamente
proibiu as armas particulares para seus cidadãos.
Em 2011, mais um massacre. Desta vez um louco invadiu uma escola no Rio
de Janeiro e assassinou friamente 12 adolescentes. A carnificina só
parou quando ele foi baleado por um policial que invadiu a escola. Sete
anos antes era aprovado o chamado “Estatuto do Desarmamento”, que
proibia o porte de armas e criava restrições quase intransponíveis à
compra de uma arma legal.
Casos semelhantes aconteceram em diversos outros países, entre eles os
pacíficos Canadá e Finlândia. Em todos, houve premeditação e, como
autores, viram-se pessoas com distúrbios mentais, que utilizaram as
armas que tinham à disposição ou foram capazes de colocar às mãos.
Também em todos os casos, a lei, mais ou menos restritiva, de acesso às
armas não foi capaz de impedir as mortes, simplesmente porque nenhuma
das armas foi usada legalmente.
Recorrer ao desarmamento quando um caso assim acontece é fugir para o
simplismo, é apelar, muitas vezes, para o confortável discurso fácil que
joga nas armas o poder sobrenatural de agir por conta própria. Ao mesmo
tempo, é enterrar a cabeça no chão e negar a existência de pessoas más e
insanas, capazes de matar crianças inocentes sem qualquer remorso ou
arrependimento. É negar a maldade, negar a existência de lobos no meio
das pacatas ovelhas. É, em última análise, balir discursos pacifistas,
na defesa pueril de leis restritivas, enquanto os lobos-loucos ignoram
sua existência e se preparam para o banquete sangrento.
O primeiro ministro inglês, após o citado ataque de Cumbria, resumiu
magistralmente sua posição ao ser inquirido sobre mais restrições às
armas: “não é possível legislar sobre a loucura”. E não é, mesmo.
*Bene Barbosa - Presidente do Movimento Viva Brasil, bacharel em direito e especialista em segurança pública
Nenhum comentário:
Postar um comentário