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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Pesquisador aponta falhas no rastreamento de armas.

A recente divulgação de um estudo sobre a origem das armas apreendidas com os criminosos vem causando polêmica entre especialistas do setor, ao apontar que a maioria delas teria origem lícita, sendo posteriormente desviada para a ilegalidade. O debate gira em torno da confiabilidade dos dados divulgados, principalmente quanto ao método utilizado para sua apuração.
 
O pesquisador em segurança pública da ONG Movimento Viva Brasil, Fabricio Rebelo, é um dos que vê com desconfiança as conclusões do estudo. “O grande problema é que o rastreamento de armas no Brasil é falho, pois se baseia exclusivamente na numeração de série das armas apreendidas. Assim, quando a arma não tem numeração ou ela é raspada, simplesmente não há rastreamento nenhum, e estas são a absoluta maioria dentre as apreensões. Quando se tenta estabelecer a origem do armamento por esse sistema, já se despreza a maior parte das armas, pesquisando-se apenas as 'rastreáveis', o que resulta em dados muito distantes da realidade”, explica o pesquisador.
 
Outro grave erro, segundo Rebelo, é acreditar que todas as armas de fabricação nacional apreendidas tenham sido colocadas em circulação no mercado interno. “O Brasil é hoje um dos maiores exportadores de armas leves do mundo, e muito do que é exportado retorna ao país como contrabando, indo abastecer os criminosos. Por isso, identificar apenas marca da arma não significa descobrir de onde ela veio”, esclarece.
 
Mesmo apontando falhas na metodologia utilizada para rastreamento, Rebelo não acredita que investimentos nesta área reduzam a criminalidade, devendo-se priorizar a investigação da autoria dos crimes. “Descobrir de onde veio uma arma é secundário na dinâmica da segurança pública, o importante é descobrir quem a usa para cometer crimes e aplicar rígida punição. Armas não saem por aí atirando sozinhas, não podendo ser consideradas as vilãs da sociedade, qualificação que cabe a quem puxa o gatilho, ao bandido. Direcionar as ações de segurança pública para descobrir a origem das armas é como traçar políticas de trânsito com base em quem vende o carro, e não em quem o conduz”, finaliza o pesquisador.
 
No Brasil, somente é autorizado o comércio de armas curtas nos calibres até .38, para revólveres, e .380, para pistolas. Calibres de maior potência, como o .40, o .45 e o 9mm, somente podem ser utilizados por militares, forças de segurança pública e, quanto aos primeiros, algumas categorias especiais, a exemplo de juízes e promotores de justiça.
 
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Veiculação: Online
Reprodução: Autorizada
Condição: Na íntegra
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