· Por Fabricio Rebelo
Não é de
hoje que a leitura diária das notícias publicadas em jornais e veículos informativos sobre violência permite ao leitor, especialmente o mais atento, constatar o
surgimento de uma nova classe de bandidos: os suspeitos.
No afã de
se enquadrar sobre os – nefastos – ditames do se convencionou chamar de “politicamente
correto”, os veículos de imprensa têm evitado publicar a autoria das condutas
delitivas, rotulando-as fruto da ação de “suspeitos”, permitindo que mesmo o
homicida preso em flagrante se torne um “suspeito de assassinato” (termo de boa
receptividade leiga). Vá lá, isso é compreensível. Num país onde valores se
invertem a cada minuto e a proteção à criminalidade impera, é arriscado dizer
que alguém praticou um crime, pois isso acaba gerando processos por calúnia e
danos morais, muitas vezes pouco importando a veracidade da afirmativa.
Há
também, reconhece-se, a preocupação com os famosos “direitos humanos”, em defesa
dos quais algumas entidades podem vociferar contra acusações “prematuras” e
“infundadas” dos pobres marginais indefesos, que nada mais faziam do que
exercer legitimamente sua “profissão”.
Acontece
que essa paranóia pelo politicamente correto está destruindo até mesmo a Língua
Portuguesa, pela produção de matérias absolutamente sem sentido.
Atualmente,
bastante comum se ler notícias como “Suspeitos
Explodem Caixa Eletrônico” ou, como visto em referência a um “arrastão”
cometido no trânsito, “os suspeitos
abordaram seis carros”. Quando se parte para a leitura de ditas notícias,
logo se vê que nelas simplesmente não se tem a mínima ideia da autoria dos
delitos, ou seja, os autores são inteiramente desconhecidos.
Então, se
não se tem nenhuma notícia dos autores, quem são os suspeitos?
Não há
como se ter “suspeitos desconhecidos”. Se há suspeito, é porque há uma
desconfiança (hipótese ainda não confirmada) sobre alguém ser o autor do fato.
Quando não se identifica os autores, a hipótese é de bandidos (sejam quem
forem) desconhecidos - ou não identificados, ou ignorados, etc. Um crime de
autoria totalmente desconhecida não tem suspeitos, do mesmo modo que quem efetivamente pratica um crime não é mais suspeito, e sim criminoso.
Ao se afirmar que há “suspeitos” de terem feito qualquer coisa, o que se está
dizendo é que se sabe os prováveis autores de um fato, mas ao se dizer que alguém cometeu um crime, este alguém não é mais suspeito, é culpado, mesmo que não se saiba quem é ele. Se não se sabe os
autores, sejam lá quem forem, eles são bandidos, sim; simplesmente não estão
identificados.
Assim, ou "bandidos (não identificados) explodiram um caixa eletrônico", ou "(eles) são suspeitos de explodir um caixa eletrônico", sendo a variável, exatamente, o fato de se conhecer, ou não, os indícios da autoria. Simples.
Assim, ou "bandidos (não identificados) explodiram um caixa eletrônico", ou "(eles) são suspeitos de explodir um caixa eletrônico", sendo a variável, exatamente, o fato de se conhecer, ou não, os indícios da autoria. Simples.
É
necessário, pois, se desapegar dessa verdadeira insanidade do politicamente
correto e relatar fatos como eles se revelam, sob pena de se produzir, aí sim,
crimes contra a Língua Portuguesa, criando neologismos injustificáveis e, pior,
contraditados pela própria semântica das expressões utilizadas nesse processo.
Bandido
não identificado é bandido; e suspeito é alguém conhecido, sobre quem se
desconfia ser o autor de um fato. Ou será que o receio já é até de afirmar que
quem comete um crime é criminoso?
Nesta com
cada vez menos motivos para ser adorada terra, não é de se duvidar.
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¹
Texto originalmente elaborado em novembro de 2008 e revisado em junho de 2012.
Fabricio Rebelo | bacharel em direito, pesquisador em segurança pública, diretor do Movimento Viva Brasil e colaborador do blog @DefesaArmada.
Nos últimos anos desta pseudodemocracia está cada vez mais difícil de se identificar a fronteira onde termina a estpidez e onde começa a má fé das novas e "estapafúrdias" políticas de governo... Só sei que o que sobra de expertise em cabalachos econômicos/financeiros notóriamente falta em políticas de estado pautadas na ética e na moral em prol da ordem social... E QUEM PODERÁ NOS SALVAR, SE NÃO NÓS MESMOS?!?!?
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