ARTIGOS, NOTÍCIAS E REPERCUSSÕES SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Flashes de segunda


  • Assassinato do executivo da Yoki: Durante o final de semana, um festival de ideologia na cobertura do crime, com ênfase na coleção de armas da vítima, chegando-se ao extremo de se dar espaço para que uma (rica) ONG desarmamentista afirmasse que "armas só servem para atacar" - e caísse mais uma vez no ridículo diante de notícia divulgada no mesmo dia (nota seguinte). Se armas só servem para atacar, todos os policiais, seguranças privados e demais atuantes na segurança pública são psicopatas assassinos à espreita para atacar a sociedade?
  • Roubos de veículos disparam em Salvador: Não fugindo ao que se repete em todas as sociedades em que a população civil foi desarmada, a criminalidade vem crescendo vertiginosamente na capital baiana, com um crescimento recorde no número de furtos e roubos de veículos. O destaque negativo, mas esperado, ficou para as ocorrências com emprego de arma de fogo, que dispararam em relação ao mesmo período do ano anterior. A sociedade (as vítimas) está desarmadas, mas os bandidos não. Link:  http://atarde.uol.com.br/noticia.jsf?id=5844454  

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A “Suspeitalização” da Criminalidade¹.


·       Por Fabricio Rebelo

Não é de hoje que a leitura diária das notícias publicadas em jornais e veículos informativos sobre violência permite ao leitor, especialmente o mais atento, constatar o surgimento de uma nova classe de bandidos: os suspeitos.

No afã de se enquadrar sobre os – nefastos – ditames do se convencionou chamar de “politicamente correto”, os veículos de imprensa têm evitado publicar a autoria das condutas delitivas, rotulando-as fruto da ação de “suspeitos”, permitindo que mesmo o homicida preso em flagrante se torne um “suspeito de assassinato” (termo de boa receptividade leiga). Vá lá, isso é compreensível. Num país onde valores se invertem a cada minuto e a proteção à criminalidade impera, é arriscado dizer que alguém praticou um crime, pois isso acaba gerando processos por calúnia e danos morais, muitas vezes pouco importando a veracidade da afirmativa.

Há também, reconhece-se, a preocupação com os famosos “direitos humanos”, em defesa dos quais algumas entidades podem vociferar contra acusações “prematuras” e “infundadas” dos pobres marginais indefesos, que nada mais faziam do que exercer legitimamente sua “profissão”.

Acontece que essa paranóia pelo politicamente correto está destruindo até mesmo a Língua Portuguesa, pela produção de matérias absolutamente sem sentido.

Atualmente, bastante comum se ler notícias como “Suspeitos Explodem Caixa Eletrônico” ou, como visto em referência a um “arrastão” cometido no trânsito, “os suspeitos abordaram seis carros”. Quando se parte para a leitura de ditas notícias, logo se vê que nelas simplesmente não se tem a mínima ideia da autoria dos delitos, ou seja, os autores são inteiramente desconhecidos.

Então, se não se tem nenhuma notícia dos autores, quem são os suspeitos?

Não há como se ter “suspeitos desconhecidos”. Se há suspeito, é porque há uma desconfiança (hipótese ainda não confirmada) sobre alguém ser o autor do fato. Quando não se identifica os autores, a hipótese é de bandidos (sejam quem forem) desconhecidos - ou não identificados, ou ignorados, etc. Um crime de autoria totalmente desconhecida não tem suspeitos, do mesmo modo que quem efetivamente pratica um crime não é mais suspeito, e sim criminoso.

Ao se afirmar que há “suspeitos” de terem feito qualquer coisa, o que se está dizendo é que se sabe os prováveis autores de um fato, mas ao se dizer que alguém cometeu um crime, este alguém não é mais suspeito, é culpado, mesmo que não se saiba quem é ele. Se não se sabe os autores, sejam lá quem forem, eles são bandidos, sim; simplesmente não estão identificados.

Assim, ou "bandidos (não identificados) explodiram um caixa eletrônico", ou "(eles) são suspeitos de explodir um caixa eletrônico", sendo a variável, exatamente, o fato de se conhecer, ou não, os indícios da autoria.  Simples.

É necessário, pois, se desapegar dessa verdadeira insanidade do politicamente correto e relatar fatos como eles se revelam, sob pena de se produzir, aí sim, crimes contra a Língua Portuguesa, criando neologismos injustificáveis e, pior, contraditados pela própria semântica das expressões utilizadas nesse processo.

Bandido não identificado é bandido; e suspeito é alguém conhecido, sobre quem se desconfia ser o autor de um fato. Ou será que o receio já é até de afirmar que quem comete um crime é criminoso?

Nesta com cada vez menos motivos para ser adorada terra, não é de se duvidar.

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¹ Texto originalmente elaborado em novembro de 2008 e revisado em junho de 2012.

Fabricio Rebelo | bacharel em direito, pesquisador em segurança pública, diretor do Movimento Viva Brasil e colaborador do blog @DefesaArmada.